fevereiro 21, 2023

BACALHAU À VASCO VAN ZELLER

Bacalhau à Vasco van Zeller

Aos fins de semana costumo ir mudar de ares para um refúgio que tenho em Alcácer do Sal.

 

Neste tempo de intervalo dos meus dias de trabalho em Lisboa, são raras as vezes em que não almoço ou janto em casa do meu amigo Vasco; ou melhor, em que não passo no ‘clube’, nome dado à casa pelo anfitrião e adoptado pelos amigos e vizinhos.

 

Na mesa e coração do Vasco cabe tudo: amigos, amigos dos amigos, família, vizinhos, conhecidos, discussões acesas, gritos, risadas, o ladrar dos cães, o piar pontual do passarinho a cada hora que passa —sim, porque às vezes passam-se horas nessa viva partilha de ideias, feitios e vinho.

 

Se houver mais um amigo, venha ele!

 

Desta vez o almoço era para três, mas ficou para dois a gulodice de um bom bacalhau cozido com todos, regado com um azeite do melhor e engalanado com cebolinha, alho e salsa picados, para além do colorido quente da balcânica paprika. Um bacalhau vestido a rigor e muito vistoso.

 

Aqui vai a receita que o Vasco me deu, simples e muito boa:

 

Ingredientes

  • Postas de bacalhau bom (pode ser seco e demolha-se primeiro ou comprar já demolhado e congelado)
  • Couve portuguesa
  • Grão (pode ser seco, demolhado e cozido ou comprar o de frasco)
  • Batata para cozer

Começou o ‘Chef’ por cozer o bacalhau, já demolhado, em água com sal, um dente de alho e uma folha de louro.

Noutro tacho deitou as batatas lavadas e com casca, juntamente com algumas folhas de couve e levou a cozer também em água com sal.

O grão desta vez  já estava cozinhado, porque foi de frasco.

 

Enquanto isso, disse o Vasco:

- Tenho que  ir comprar salsa porque senão o bacalhau não tem graça nenhuma.

Eu, cheia de fome:

- Mas tens mesmo?

- Sim! Responde o Vasco, cuja autoridade emana de Van Zeller nestas alturas.

- Eu vou! Disse eu, a calcular todos os minutos que passavam.

E lá fui, não ao supermercado que era mais longe, mas ao restaurante vizinho pedir uns pés de salsa!

 

Mas, continuando a receita, na hora de servir, colocou num tabuleiro já cozidos o bacalhau, as batatas às rodelas grossas, o grão e as folhas de couve e levou ao forno para aquecer, depois de regar por cima com bom azeite.

É bom este prato porque pode fazer-se com antecedência e aquecer na hora deitando  o azeite por cima.

 

Entretanto, na mesa colocaram-se, em quatro tacinhas separadas, os seguintes acompanhamentos para cada um vestir o seu bacalhau, a gosto.

  • Cebola picada
  • Alho picado
  • Folhas de salsa picadas
  • Paprika doce
  • Pimenta preta em grão

O vinho tinto alegrou a conversa antes, durante e depois.

Só vos digo que estava tudo delicioso! Top Top!

 

Sermos só dois permitiu ainda me aventurar a repetir e roubar um pouco da terceira posta que não me era destinada! Sorte a minha!  De resto, a conversa fluiu como sempre, terminando com a partilha de duas miniaturas de um Fidalgo e um Pão de Rala.

 

Seguiu-se um café para mim com amigos à beira rio e uma sesta para o Vasco!

Há lá melhor vida que aquela que a gente tem!

 

Obrigada Vasco pela amizade e generosidade de sempre. Sempre achei que depois de uma certa idade já não se fazem amigos. Enganei-me. A vida sempre a surpreender!

 

Ana

6 comentários:

  1. E assim, como quem nem quer a coisa, se constroi um mito !! Obgdo pela crónica, culinária e não só !! bjis V v Z

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  2. Maria da Graca Rebelo de Andrade11:17 da manhã, fevereiro 22, 2023

    O Vasquinho é assim mesmo! Um querido com um coração gigante (pulmões aparte) :D

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  3. Ana- Adorei a crónica
    Tens mesmo jeito para a escrita !
    Vasco- que pena eu não ter estado em Alcacer nesse dia para almoçar convosco. Devia estar uma delícia
    Bj aos dois
    Bicha

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  4. Que bom aspeto!! À espera para experimentar em casa... beijinho!!

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